Nascido em Rio do Sul (SC), em 14 de fevereiro de 1937, filho de imigrantes germânicos, ele passou boa parte da infância e da juventude na Alemanha, em meio à Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945). Enfrentou a fome e sobreviveu ao terrível bombardeio da cidade de Dresden, onde estava em fevereiro de 1945.
Quando voltou para o Brasil, em 1960, estabeleceu-se em Rolândia, na Fazenda Rhenânia, ao lado do pai, Arnold, e dos irmãos. Tornou-se agricultor.
Aborreceu-se com todas as dificuldades que a vida de homem do campo impunha. As doenças dos animais, os fracassos das lavouras. O clima indomável, as chuvas torrenciais. A erosão. A terra e a fertilidade indo para os rios.
Deu o basta em 1971, depois de uma tempestade, quando assistiu, de guarda-chuva em uma mão e lanterna na outra, o solo arado e gradeado se desfazendo. Viajou atrás de soluções e voltou dizendo que o certo era plantar sem arar e gradear. Fazer plantio direto ou, como diziam nos Estados Unidos, “No-Tillage” ou “No-Till”.
Herbert Bartz sabia valorizar os alimentos depois de todas as agruras que passara na infância.
Em 1972, com uma plantadeira Allis-Chalmers que ele mesmo importou, fez o primeiro plantio em larga escala sem revolver o solo da América Latina. Os vizinhos começaram a dizer que ele havia enlouquecido.
O fato era tão inédito que a Polícia Federal apreendeu toda a produção de soja resultante daquela iniciativa.
Mas Herbert Bartz não era de esmorecer. Pelo contrário. Passou a difundir o Sistema Plantio Direto para quem quisesse aprender, de graça, sem cobrar nada de ninguém.
Nos agricultores Franke Dijkstra e Manoel Henrique Pereira, o Nonô, encontrou os companheiros perfeitos para uma grande jornada educacional pelo interior do Paraná e de outros estados do Brasil. Pelo exemplo, convenceram muitos outros, ainda na década de 1970, quando surgiram os “Clubes da Minhoca.”
Bartz proferiu inúmeras palestras no Brasil e em países vizinhos, sempre acompanhado de seu projetor de slides, mostrando com imagens os benefícios de conservar o solo.
Em certa ocasião, diante da incredulidade de debatedores, que insistiam o Sistema Plantio Direto não permitia a descompactação do solo e enfatizavam que era preciso sim usar arados e grades, saiu-se com esta: “Eu sei resolver o problema da compactação quando ela atinge o solo, mas não sei o que fazer quando atinge o cérebro humano.”
Assim seguiu, encontrando na ciência e na academia grandes aliados quando estudos consistentes começaram a ser feitos e publicados. Mesmo sem ter formação em curso superior, deu inúmeras aulas em cursos de Agronomia, sobretudo na Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde o filho dele, Johann estudou e se formou, tornando-se engenheiro agrônomo e agricultor.
A filha Marie também estudou na mesma instituição, formando-se em Biologia e tornando-se uma das mais destacadas pesquisadoras do mundo em minhocas. Herdou do pai o amor pelo solo.
Casado com dona Luiza, em 1989, Bartz havia perdido o mais velho dos filhos, Wieland, que morreu aos 12 anos. O intenso trabalho nas lavouras foi o remédio para vencer aquela dor.
Em 1992, depois de espalharem pelo País inúmeros “Clubes Amigos da Terra”, os sucessores dos “Clubes da Minhoca”, Bartz, Dijkstra e Pereira fundaram esta Federação.
Desde então o Sistema Plantio Direto só fez crescer. E o Brasil se tornou uma potência em produção de alimentos para o mundo. Não é segredo que o agronegócio tem sido o grande motor de desenvolvimento do nosso País e o maior contribuinte do Produto Interno Bruto (PIB).
Isso se deve ao intenso trabalho de cada homem e mulher que se dedica a produzir alimentos e que ama o nosso solo, seguindo o exemplo deste grande pioneiro, Herbert Bartz.
Em 2018, com idealização de Johann e Marie, foi escrito, pelo jornalista Wilhan Santin, o livro “O Brasil Possível: a biografia de Herbert Bartz”, que conta toda a saga desse agricultor. Na obra, ele eternizou a frase “a natureza não aceita propinas.”
FONTE: Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha e Irrigação