Estudo publicado na Journal of Apicultural Research mostra que as dietas artificiais podem ser uma ferramenta interessante para alimentar as abelhas em circunstâncias adversas. Mas também alerta que o pólen natural está longe de ser substituído. O melhor mesmo seria plantar mais árvores de diferentes espécies para fornecer alimento aos insetos o ano todo.
Um dos autores do estudo, o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente (SP) Cristiano Menezes, defende que conhecer melhor as abelhas é importante porque existem períodos do ano em que elas não encontram flores para se alimentar, o que pode afetar a sobrevivência das colônias. O néctar, fonte de açúcares, é mais fácil substituir, basta oferecer uma solução aquosa de açúcar, conhecida como xarope. Porém, o pólen, fonte de proteínas, vitaminas, gorduras e minerais, é mais complexo e de difícil substituição, segundo explica o especialista.
Estudos prévios sobre dietas artificiais com o objetivo de substituir o pólen mostraram que dietas à base de extrato de soja possuem bom potencial. Porém, a composição química dessas dietas, bem como os seus efeitos na saúde das abelhas a longo prazo ainda não tinha sido investigado.
Por esse motivo, o objetivo do trabalho foi estudar uma dieta artificial para substituir o pólen. "Utilizamos como modelo experimental a Uruçu-amarela (Melipona flavolineata), uma importante abelha sem ferrão da Amazônia porque produz um dos méis mais apreciados do Brasil", conta Menezes. O estudo hoje na Embrapa Meio Ambiente foi iniciado na Embrapa Amazônia Oriental (PA) e contou com a colaboração de parceiros da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O primeiro passo foi investigar a composição química do pólen natural e comparar com a composição da dieta artificial. Na segunda etapa, foi pesquisado o efeito dessa dieta na saúde das abelhas, tanto nos indivíduos, como no nível da colônia.
Os cientistas perceberam que o alimento artificial apresentou composição química bem diferente do natural. Ele é mais rico em carboidratos e lipídios, porém, mais pobre em proteína em comparação ao pólen natural.
Menezes conta que, apesar das diferentes composições, sua equipe não encontrou diferença na sobrevivência da cria que ingeriu a dieta artificial, nem no tamanho dos indivíduos produzidos. Na verdade, os indivíduos que ingeriram a dieta artificial durante a fase larval ficaram até maiores (cerca de 5%) que os que comeram o pólen natural. “O único parâmetro [da dieta artificial] em que encontramos efeito negativo foi a longevidade. As abelhas adultas alimentadas exclusivamente com a dieta artificial viveram em média nove dias a menos que as que ingeriram pólen natural”, relata o cientista.
Fonte: Portal Embrapa
Imagem: Cristiano Menezes